Dentre as perguntas que mais escuto no consultório, tem uma que hoje eu quero dar destaque: “Doutor, é mito ou verdade? Minha bexiga está baixa, e por isso não seguro a urina?”. Calma, que eu vou explicar!
A incontinência urinária é um problema que atinge homens e mulheres. Entretanto, ela é duas vezes mais comum com o público feminino, sendo a idade um dos fatores de risco. As mulheres acima dos 40 anos apresentam algum grau de incontinência urinária. Conforme a idade aumenta, essa prevalência também tende a aumentar; as mulheres com mais de 70 anos apresentam a perda involuntária da urina entre quatro e cinco vezes mais do que as mulheres aos 40 anos.
Contudo, a incontinência urinária não é algo normal e deve ser tratada pelo médico. Pois ela pode ser apenas um sintoma para algum outro problema mais sério. Caso você sofra com essa condição, procure o atendimento médico e investigue.
Formas de incontinência urinária
Primeiramente, nós precisamos entender que a perda involuntária da urina está relacionada a vários fatores, porém são duas as principais formas: incontinência por esforço e incontinência de urgência.
A incontinência por esforço se caracteriza pela perda involuntária da urina em decorrência de manobras que exigem algum tipo de esforço do paciente, como: tossir ou espirrar. Além disso, movimentos como mudar a posição na cama ou levantar algum peso, podem ocasionar a perda de urina.
Da mesma forma, outras situações também atingem as mulheres, como a menopausa, gestações, obesidade e prolapsos de órgãos pélvicos – que é a famosa “bexiga caída”, “bexiga baixa” e “útero caído”. Então, já aqui eu posso responder a pergunta do início deste texto: sim, a bexiga baixa pode ser uma das causas da incontinência urinária.
Assim também, a incontinência de urgência tem como queixa, além da perda de urina, a sensação de urgência para urinar. Essa vontade repentina e incontrolável que, em muitos casos, o paciente não consegue nem chegar no banheiro. Em sua grande maioria, não há causas aparentes, por isso precisa ser investigada pelo urologista.
Essa condição também recebe o nome de bexiga hiperativa. Algumas doenças neurológicas aumentam o risco dessa incontinência, como Parkinson, AVC, esclerose múltipla, entre outras.
Quais as formas de tratamento para a incontinência urinária?
Após a consulta com o urologista – sim, mulheres também consultam com o urologista – será identificado o tipo de incontinência que o paciente possui. Desse modo, quando diagnosticada a incontinência por esforço, o tratamento conservador é o mais indicado. Isso inclui a fisioterapia com exercícios pélvicos ou também chamados de exercícios de Kegel. Eles ajudam a reforçar os músculos que são responsáveis por conter a urina.
Quando se trata de sobrepeso e obesidade, a perda de peso corporal é essencial para que ocorra uma melhora significativa na perda involuntária da urina. Quando o tratamento conservador não atinge os resultados esperados, o tratamento cirúrgico torna-se necessário. Através deste tratamento minimamente invasivo, é colocado um sling na uretra, com o objetivo de aumentar a resistência uretral. Esse sling pode ser uma fita de polipropileno ou o próprio tecido do corpo do paciente.
Além disso, ainda no caso das mulheres, é possível tratar com aplicação da toxina botulínica na bexiga. Essa aplicação é realizada em casos de incontinência de urgência. Para os homens que sofrem com incontinência por esforço, a cirurgia de sling ou implante de esfíncter artificial são soluções que ajudam a tratar essa condição.
Como é realizada a avaliação do paciente
Agora que você já sabe sobre as diferenças entre as formas de incontinência urinária, é preciso saber que cada avaliação ocorre de forma individual. Parece óbvio, mas não é. Muitas pessoas buscam soluções rápidas para os seus problemas e a frase que mais escutamos em nosso dia a dia quando precisamos saber de alguma coisa é : “Dá um google!”. Mas não é o Google que vai resolver a sua incontinência urinária. Buscar informações é importante, mas consultar com um médico é mais ainda.
O seu urologista avaliará o seu caso. Isso inclui a análise da história clínica, a forma como os sintomas se apresentam e, assim, identificar o tipo de incontinência. Exames físicos e exames laboratoriais são necessários para diagnosticar a causa. Lembre-se que a incontinência pode ser apenas um sintoma de outra doença mais grave, por isso a avaliação pelo médico é essencial.
Quando a incontinência urinária não está associada a problemas graves, ela não afeta a saúde física do paciente. Entretanto, afeta a sua qualidade de vida. O tratamento correto evita situações constrangedoras para o paciente. Por isso, cuide-se! Caso você sofra de perda involuntária de urina, procure o atendimento urológico. É possível manter a sua qualidade de vida com apenas alguns cuidados.
Enfim, se você quiser ficar por dentro de outras informações sobre a saúde do trato urinário ou sexual dos homens, acesse nossos conteúdos. Em caso de dúvidas, converse com o seu urologista.